Duas pessoas que um dia se conheceram

Hoje somos praticamente dois estranhos. Quem diria que um dia seriamos assim? Não sei o que faria se te encontrasse agora na rua, talvez apenas um tímido aceno, porque um abraço não parece o certo, só nos deixaria deslocados. E é assim que eu me sinto em relação a você, deslocada, não sei mais como agir e nem sei se isso um dia vai mudar.

Antes, mesmo que da boca pra fora, reclamávamos da intimidade, porque já não existia mais maneiras de mascarar aquelas coisas que não são tão agradáveis, não dava mais para esconder certas coisas, mas, no fundo, a intimidade era incrível, porque não precisávamos medir as palavras e nem fingir, naquela altura já nos conhecíamos tão bem que eu não tinha medo de te mostrar cada parte minha, porque eu sabia que por pior que fosse você não se importaria. E era assim com você também, aos poucos você foi me mostrando cada um dos seus defeitos, mas nenhum deles me fez desistir.

Há um tempo eu não conseguia imaginar que um dia perderíamos essa intimidade, era inconcebível pensar que tudo o que conquistamos por tanto tempo se perderia tão rápido, parece que o tempo é mesmo relativo. Eu nunca imaginaria que um dia eu precisaria escolher as palavras para falar com você, que eu não saberia mais dos detalhes da sua vida, que não conversaríamos mais com frequência e que quando conversássemos as conversas seriam vagas e breves.

Eu não te conheço mais e nunca mais vou te conhecer, não da maneira que eu te conhecia, a intimidade e a ligação que tínhamos era algo único, algo que não dá mais pra recuperar, o que já tivemos não volta mais. Mesmo que daqui um tempo a gente se reaproxime e não sejamos mais tão estranhos, ainda assim, não deixaremos de ser duas pessoas que um dia se conheceram, mas não se conhecem mais.

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